19 de dez. de 2009

Primeira carta. O nó que desata, aperta, desata e aperta.

Amada,

Tanta coisa junto construída para num instante, o derradeiro, pulverizar-se como se nada houvesse.
O que será? Não sei. O que seremos? Menos ainda posso afirmar: ocorre o inenarrável.
Mulher, a teimosia de minha parte esgota-se com a tinta que mancha este papel que em futuro próximo terás em mãos. Não obstante a chama aflora e aclara o que julgo acabar, menos intenso é claro, também febril a caminho da inércia, assim como a flor que fenece pouco a pouco em meu âmago. A limitação da palavra ora em vez emergi e não consigo expressar o que almejo, por isso uso palavras que não são minhas e de repente me apeteço de palavras como: "É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade. ‘’
e constato o quanto hemos de persistir e perdurar pelo que desejamos independente das circunstâncias, são palavras de Pablo Neruda que me servem de consolo e cabe perfeitamente neste nó que ora desatamos, ora apertamos, no mais as palavras de Manuel Bandeira também me aliviam o espírito nesse fim de tarde solitária frente a luz baça do computador: ‘’E a vida vai tecendo laços,
Quase impossíveis de romper:
Tudo que amamos são pedaços
vivos de nosso próprio ser
A vida assim nos afeiçoa,
Prende. ‘’
Deixai como está, ‘bem está o que bem acaba’ conforme Shakespeare soa em minha alma, porém as cartas postas na mesa não expressam coisas claras, todavia o desenho se aperfeiçoa melhor com o tempo que corre e percebo o que está a ocorrer. Ô inglória do porvir!
Sem grandes citações, humildemente confesso, estar sem bússola. Aprendo e sou afeiçoado pela vida no dado instante, de forma amarga e indesejável, mas o que são os seres mortais ante a vontade divida e a força do destino? Se assim hemos de caminhar, sigamos. O que resta é isso, nada mais. Estou pesaroso, uma lástima só! Ai de mim! E dessa forma seguiremos nosso caminho. Cada qual a sua maneira, espero que não nos arrependamos das escolhas que fizemos, pois as lágrimas derramadas em certa altura da vida são irreparáveis.
Um beijo, Amante.

10 de dez. de 2009

Sentimentos Geográficos.

Sentimentos geográficos

Ó brisas frias que oscilam nossos sonhos,
As lutas daqui esfriam ainda mais as terras glaciais de lá,
O ponto mais alto dos Alpes não se iguala a dificuldade de nos encontrar,
Como o ar meus sentimentos correm gélidos pelos corredores de pinheiros em busca de tua presença,
Os ventos aquosos ocidentais só desencadeiam em mim lágrimas abundantes de amor por ti,
Vai esfriar mais desta vez.

Ó águas cristalinas muitas vezes manchadas de sangue euro,
Meu coração batendo está no leito do Danúbio,
O outono me faz lembrar-te,
Como uma folha seca viajando através do ar irei eu te alcançar,
Vai nevar hoje à noite.

Vamos para as florestas mistas do báltico,
Há vales vazios lá,
Não há ninguém para nos chatear,
Eu não quero mais sangrar,
Podemos andar mudos pelas cordilheiras se quiser,
Vamos apenas sonhar.

Hoje eu vou te encontrar,
Nós vamos procurar e reunir madeira pra queimar,
As estrelas hão de nos invejar,
Nós vamos conversar,
Lá não vai esfriar.

O verde daqui não é igual ao verde de lá,
Não há missões que não possamos fazer cá,
Nós vamos sonhar,
Eu vou te buscar.

Vamos apenas sonhar e brincar.

Érick Henrique Benetnasch