7 de jun. de 2009

A USP, a Greve e a Inconstitucionalidade.

Acredito que o título desse início de prosa será entendido por poucos, primeiro porque as palavras postuladas acima dizem sobre a Universidade de São Paulo, a qual está em greve e extrapola condições da constituição. Como os colorados a denominam: A Universidade da Elite, e em virtude disso os estudantes por meio de atitudes anti-democráticas resolveram entrar em ‘’greve’’ após um mês de ensaios gerais, pois a cortina fora aberta pelos servidores e trabalhadores da USP. No simbólico mês das noivas e também de conquista política da classe operária, que é o quinto mês do zodíaco, os servidores entraram em greve e iniciaram seus piquetes, protestos e tudo o mais. A reunião com a Reitora se deu tarde, pois depois de duas semanas de greve foi marcada uma reunião para discutir as possíveis mudanças de relações desiguais entre servidores e seu bolso frágil: a plausível busca por melhores salários, melhores condições de trabalho e outras reivindicações que não merecem menção no dado momento são a pauta dessa ponta do iceberg que surgirá em nossos destinos para afundar nosso navio de sonhos titanesco.
No primeiro ato houve reunião com a reitoria e os servidores que em nada levou, apenas à prorrogação para uma próxima reunião na próxima semana, afinal o ‘show’ deve continuar, o filme apenas começou. Na segunda reunião nada de novo, e em outros sets as outras personagens surgem ora mocinhos ora vilões.
Nesse meio termo os ‘Professores Doutores’ da instituição fazem também dias de paralisações ao longo das três semanas primeiras da greve, estão sobre o muro e cogitam aderir ou não à greve dos Trabalhadores e Servidores da USP, é que os Professores não se consideram trabalhadores, eu ainda não entendi, alguém teria uma luz?
Os Estudantes, em suma os da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, fazem suas encenações nos pátios do colégio e ‘’discutem’’ possível greve também. Esses discutem a tal da Univesp.
Isso perdurou um mês...A encrenca mesmo diz respeito ao sindicalista Brandão que fora demitido por justa causa, mas como se trata de bode expiatório está além do bem e do mal e reivindicam a readmissão desse sujeito, cá entre nós: serve apenas como estopim, para não dizer desculpa, para muita gente mobilizar-se para as greves, ops...paralisar-se para as greves! Não separam o ‘joio do trigo’ e nisso ‘não vejo diferença entre os dedos e os anéis’. As luzes dão show sobre a cabeça dos artistas. Estavam nisso...até que: a Polícia entra no pequeno feudo da Cidade Universitária a pedido da Reitora.
Com a milícia oficial em campus o jogo começa a esquentar nesse segundo tempo, pois a partir da entrada da Polícia os Professores se mobilizaram rapidinho, o descaso foi suprimido com gol de bicicleta e a torcida assiste à tudo contente com a próxima copa que aqui repetir-se-á em 2014, oh beleza! Professores em Greve! Funcionários em Greve! Alunos em Greve! E já que o bom senso entrou em Greve também o conhecimento resolve aderir às manifestações e em Greve entra!
Agora resta-nos esperar o apito final, baixar a cortina e subir as letrinhas do final de nosso espetáculo e torcer para que antes de tudo o bom senso saía da Greve, apelo para que o conhecimento, que anda em falta, torne-se pelego mesmo e afaste a estupidez humana, pouco provável, mas...enquanto isso meu silêncio expressa, nas relações assimétricas de persuasão, que sou fruto da miséria humana. Onde entra a inconstitucionalidade aí?! No fato de fechar-se os Museus, e as Bibliotecas, e o Cinema da USP, pois as artes deveriam ser preservadas sob qualquer circunstância, do contrário perde-se a razão da existência humana.